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Diversidade na educação

Há certos setores, na sociedade brasileira que ainda teimam em ignorar as diferentes realidades sob as quais vivem as pessoas, e afirmam que as oportunidades estão ao alcance de todos, por igual.

Segundo esse raciocínio, para atingir a plenitude da cidadania e viver uma vida digna e com direitos assegurados, não faz a menor diferença ter nascido branco e rico ou negro e favelado. O sucesso depende unicamente do esforço individual de cada um.
Costuma-se chamar a isso meritocracia. Claro que é uma falácia.

Afirmar o contrário significa dizer que cor da pele e status social provêm inteligência, já que o número de brancos nascidos ricos que vivem bem é infinitamente maior do que o de pretos e pardos nascidos pobres.

É incomparavelmente maior, inclusive, do que o de brancos nascidos pobres. A verdade, contudo, é bem outra. Pesquisas comprovam que mais de 95% dos nascidos pobres morrem pobres, não importando seu nível de inteligência, ao passo que mais de 95% dos nascidos ricos morrem ricos, não importando seu grau de estupidez.

Portanto, vir ao mundo nas camadas menos afortunadas da população impõe à pessoa desafios e obstáculos gigantescamente maiores. E é por isso que aquelas poucas delas que conseguem romper tais barreiras e evoluir para uma vida com pelo menos alguma dignidade, merecem muito mais aplauso e admiração.

São minoria tão diminuta que, na verdade, não passam de exceções a confirmar a regra.

Cavalcante (GO) - Quilombo Kalunga (2022).

Em um dos episódios do podcast “20 Minutos com Marcelo Jugend”, levado ao ar no ano passado, tive a oportunidade de entrevistar uma dessas heroínas, Edimara Gonçalves Soares, hoje professora no ensino médio público no Paraná. Bisneta de escravos, nasceu e viveu a infância em extrema pobreza, no quilombo Estância do Meio/Timbaúva, no interior do Rio Grande do Sul, local onde faltava rigorosamente tudo.

Ainda assim, conseguiu formar-se em Geografia, com licenciatura plena, pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Cursou, depois, Mestrado e o Doutorado em Educação, ambos pela Universidade Federal do Paraná.

Ela foi, aliás, nada menos do que a primeira quilombola do Brasil a obter o grau de Doutora.

Ouvindo-a, pudemos compreender um pouco melhor o que é o Brasil real, para quem não traz o privilégio desde o berço.  ASSITA AQUI.