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O mal é mau, mesmo quando disfarçado de bem

Fiquei sabendo, dias atrás, que no Tennessee, Estados Unidos, foi aprovada uma lei permitindo que professores e funcionários de escolas do ensino médio vão ao trabalho armados.

A justificativa usada foi a de que eles poderão se defender, e aos alunos, na eventualidade de ocorrer um daqueles ataques mortais, tão frequentes naquele país, em que um ou mais desajustados entram no ambiente escolar atirando em tudo o que se move.

Trata-se, a meu ver, de medida tipicamente demagógica. É a clássica, e infelizmente usual, mania de focar na consequência ao invés de encarar as causas.
Imaginemos que um ataque venha a ocorrer, no Tennessee. Em uma hipótese otimista haverá, sim, uma quantidade menor de vítimas, em virtude da capacidade de reação de alguém armado dentro da escola.

Mas definitivamente esta não é a solução.

A vida nos prova que a presença de arma de fogo em qualquer ambiente aumenta exponencialmente a possibilidade de vítima fatais na eventualidade de um conflito interpessoal. Brigas triviais de bar, ou de trânsito, ou de vizinhos, ou mesmo domésticas, assim como tantas outras, muito frequentemente terminam de forma mais trágica quando algum dos envolvidos dispõe de uma arma.

Quanto tempo vai levar até que um desentendimento provoque a morte de alguém? Ou que algum jovem se aposse de uma arma, por qualquer meio, e a use para atingir um desafeto? É muitíssimo provável que o número de vítimas fatais nestes casos supere o de vidas poupadas em ataques, no Estado.

Professores poderão portar armas em escolas americanas no Tennessee.

Por outra: como evitar que criminosos tornem professores e funcionários alvos preferenciais, para agredi-los e se apossarem das armas que carregam?

Para enfrentar real e eficazmente a causa dos massacres, assim como da altíssima taxa geral de mortalidade por armas de fogo, nos EUA, é preciso ir à sua raiz, acabando com a liberdade total de posse e porte delas por parte de todo e qualquer cidadão.

O problema é que isso exige coragem, determinação, e desafio ao poderoso lobby armamentista ali existente.

Até agora ninguém reuniu esses atributos.

É fundamental que nós, brasileiros conscientes, fiquemos alertas para esse tipo de situação, porque por aqui não faltam pessoas irresponsáveis apregoando que copiemos o modelo estadunidense neste particular. É preciso combatê-las de todas as formas, com toda a força, e em todos os lugares.

A única finalidade de uma arma de fogo é produzir sofrimento. Quanto menos delas, menos dele. É simples assim. 

E é isto o que deve nos mover.